Os estudos acima descritos foram realizados para toda a
região 60 GeV/c
180 GeV/c
de forma a dar uma indicação sobre a sensitividade que LEP pode ter nos próximos anos
aos três processos analizados.
Na prática, a região de baixas massas, até 70 GeV/c
, estava já excluída
pela procura padrão do bosão de Higgs feita em LEP [37] ( e resultados
preliminares obtidos com os dados de 183 GeV, permitem excluir massas do Higgs até
90 GeV/c
[38]), não sendo a presença de acoplamentos
anómalos suficiente para tornar o processo indetectável.
Os limites obtidos nesta procura são constrangidos pelo limite cinemático para a
produção de um bosão de Higgs real com um bosão Z real (da mesma forma que o
processo
aqui analisado). Utiliza-se neste caso o processo
(conhecido como processo de
Higgs-
), cujos estados finais apresentam um par
, proveniente
do decaímento do bosão de Higgs, e um outro par fermião-anti-fermião, do
decaímento do Z.
A presença de acoplamentos anómalos permite ultrapassar este limite cinemático
ao tornar possível a produção do bosão de Higgs com um fotão em vez de um Z.
De qualquer forma, em todos os cenários possíveis, os limites de
tornam-se mais fracos à medida que a massa do bosão de Higgs aumenta. Embora fosse
em princípio possível detectar um bosão de Higgs real de 175 GeV/c
(a uma
energia de centro de massa de 183 GeV e em recuo contra um objecto energético), as
secções eficazes de produção destes estados finais são reduzidas pela radiação de
estado inicial. De facto, o Higgs não é, em nenhum caso, produzido directamente
na colisão
mas é radiado por um
/
inicial, e a produção de
/
é
favorecida a energias mais baixas de centro de massa, sendo portanto provável a
emissão de radiação de travagem pelos feixes iniciais.
A energia disponível para a produção do bosão de Higgs
(
) é, assim, menor do que o valor nominal de
.
Os estados finais de produzidos em LEP foram na altura analisados por DELPHI
[43], embora não tenham sido interpretados em termos de acoplamentos anómalos.
Não foram aí encontrados desvios às previsões do Modelo Padrão.
Na referência [44] são determinados limites para os acoplamentos anómalos,
a partir da analise de estados finais
e
publicados
por OPAL, correspondentes a energias de centro de massa de 130-172 GeV e 91-172 GeV,
respectivamente. Existem outros limites obtidos a partir da análise de
reacções semelhantes no Tevatron:
[45],
[46] e
[47] a
= 1.8
TeV.
Os limites determinados pelas várias análises para um valor comum dos vários pârametros,
, são comparados na tabela 6.1.
Os resultados obtidos no Tevatron são mais determinantes na definição de limites para o parâmetro . O Tevatron não só dispõe de uma energia de
centro de massa superior à de LEP mas tem ainda sensitividade a processos
que não ocorrem em LEP, como a produção do bosão de Higgs com bosões W.
De qualquer forma a sensitividade às relações entre diferentes parâmetros
é muito diferente no Tevatron e em LEP, sendo as duas procuras complementares
em certas regiões do espaço multi-dimensional de parâmetros.
A comparação dos resultados obtidos em LEP para diferentes energias de centro
de massa permite concluir que o aumento de dá origem a um grande
apuramento dos limites para
.
A procura de acoplamentos trilineares entre bosões vectoriais (TGC) com componentes
anómalas, feita quer em LEP quer no Tevatron, também complementam o estudo
dos acoplamentos anómalos do bosão de Higgs aos bosões mediadores das
interacções electrofracas. As relações para os vários , assumidas nas duas
análises, são, no entanto, diferentes; o que impede uma comparação
directa na maior parte dos cenários considerados.
Os limites mais recentes obtidos para os parâmetros TGC em DELPHI são
[32]:
-0.21
0.32 e -0.19
0.84 (a 95
CL). Nessa análise os limites em cada parâmetro
foram calculados
considerando os outros acoplamentos fixos aos valores previstos no Modelo
Padrão.
é proporcional a
e
é proporcional
à soma de
e
(equações 2.5 e 2.7).
Embora possamos determinar limites no cenário de uma constante de acoplamento comum
(vêr escala na figura 6.3), os resultados da medição dos TGCs é mais
directamente comparável com os resultados da figura 6.1 c) e d), onde se
determinam limites para
e
, para
GeV/c
.
O único caso em que os resultados são directamente comparáveis é aquele em que
o único parâmetro não nulo é . Caso em que
se torna
simplemente proporcional a
e
é nulo -
os limites da figura 6.1 c) são mais fortes do que os obtidos na análise
dos TGC para valores positivos de
e na condição de que a massa do
bosão de Higgs seja inferior a 100 GeV/
.
Se se assumir que o único parâmetro não nulo é
, o parâmetro
fica proporcional a
e a
. Neste caso, os resultados
não são directamente comparáveis, já que na procura dos TGC se
assume que um dos
parâmetros
é nulo.
Uma vez que o modelo depende de quatro parâmetros independentes
(
,
,
e
),
o número de cenários possíveis para as relações entre eles é grande.
Os três cenários apresentados foram escolhidos tendo em conta tanto as
características do modelo como as dos processos a analisar.
Os três processos complementam-se no sentido em que tem sensitividades diferentes
a cada parâmetro e dominam em diferentes regiões da massa do Higgs. Os três
cenários permitem estudar os dois casos extremos em que os parâmetros são
independentes ou fortemente correlacionados e um caso intermédio que maximiza os
limites obtidos com os estados finais escolhidos e é independente da medida dos
TGC anómalos.
Com energias mais altas e maiores luminosidades, a procura do bosão de Higgs em
estados finais com fotões será muito mais sensível
aos acoplamentos entre o bosão de Higgs e os bosões mediadores das forças
electrofracas. O aumento de energia permitirá a produção de bosões de Higgs com
massas mais altas e, embora as luminosidades projectadas não sejam ainda suficientes
para se detectar o acoplamento padrão entre o bosão de Higgs e os fotões, o
aumento de luminosidade trará, igualmente,
uma maior sensitividade aos acoplamentos anómalos
e
.
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