As extensões do Modelo Padrão prevêm normalmente a violação da
simetria x
a uma escala superior de energia, causando
efeitos indirectos detectáveis às escalas presentes. No entanto, mesmo
conservando a simetria do Mo-delo Padrão, a nova Física pode
existir
[26,27,28,29].
Partindo do grupo de simetria do Modelo Padrão, quebrada por um único
dobleto de Higgs, pode ser necessário acrescentar correcções de ordem mais
alta para complementar a descrição padrão das interacções entre bosões.
Se se assumir que, a uma nova escala de energia , o
Lagrangeano do Modelo Padrão não é válido,
mesmo que não se especifique qual o tipo de nova Física que leva a estas
correcções,
é possível escrever todos os operadores que, sendo invariantes,
descrevem os efeitos de nova Física
sensíveis a baixa energia (2.1):
Para descrever aproximadamente os efeitos à escala de energia presente, os ope-radores mais relevantes são os de ordem mais baixa, uma vez que os seguintes são suprimidos por potências crescentes da nova escala de energia: mantêm-se pois apenas os operadores de dimensão seis. Por outro lado, continua a existir um grande número de operadores de dimênsão seis, que podem conservar ou não a simetria CP. Contudo, apenas os operadores que conservam esta simetria serão considerados neste trabalho.
Os novos operadores induzem acoplamentos anómalos dos fermiões aos bosões vectoriais, mediadores das interacções electrofracas, assim como contribuições anómalas para as interacções entre bosões vectoriais e para as interacções entre estes e o bosão de Higgs.
As interacções entre os bosões mediadores das forças
electrofracas
e os fermiões são bem
conhecidas. A produção de pares de fermiões através de um
bosão Z, nomeadamente, foi objecto de
medições muito precisas feitas em LEP1 [30].
Baseando-nos nestes resultados, podemos assumir que, pelo menos no caso dos
fermiões leves, os efeitos de nova Física são desprezáveis às
energias actuais. A produção de pares de quarks não era
possível em LEP1
e não foi constrangida por estas medições, mas a produção de
continua a não ser possível com a presente energia de centro de massa de 183
GeV, e os efeitos de acoplamentos anómalos do
seriam sentidos apenas a
ordens superiores, originando variações muito pequenas em relação às
previsões do Modelo Padrão.
Nenhum dos operadores que induzem acoplamentos anómalos dos fermiões
será considerado nesta análise.
Os operadores que descrevem as interacções entre bosões foram também
constrangidos pelas medições de LEP1. No entanto, a maior parte deles afectava
os processos medidos apenas ao nível de correcções de primeira ordem, e os
constrangimentos não são muito fortes. O teste das interacções entre
bosões vectoriais está a ser feito em LEP2, através da análise da
produção de pares de s por troca de
/
no canal s. A análise dos acoplamentos
trilineares de bosões vectoriais não contradiz as previsões do Modelo
Padrão, mas permite uma margem de pequenos desvios aos acoplamentos padrão
[31,32].
As interacções entre o bosão de Higgs e os bosões mediadores das
interacções é, assim,
um dos campos mais promissores para a procura de nova Física no sector
electrofraco. Os seus efeitos serão detectáveis em LEP2,
desde que a massa do
bosão de Higgs seja da ordem de 50-300 GeV/c, como parecem indicar as medições feitas em LEP1 no quadro do Modelo Padrão [30].
A parte do Lagrangeano que afecta as interacções do bosão de Higgs com os bosões vectoriais pode ser escrita no padrão unitário como [26]:
Onde os paraâmteros definem a força de cada um dos acoplamentos
e
com
ou
. Os factores de
determinam a escala de energia da nova Física
e cancelam as dimensões dos diversos operadores, reduzindo-os à
dimensão seis.
A maior parte dos novos acoplamentos são derivativos, e diferentes dos
que, no Modelo Padrão, dão origem às massas das partículas.
A única excepção é o termo proporcional a , que se soma ao
termo de massa do bosão Z
.
está já severamente constrangido uma vez que induziria uma
mudança no valor da massa de Z, enquanto a massa de W permaneceria
inalterada. No Modelo Padrão, estas duas quantidades estão relacionadas
através do ângulo de Weinberg sendo essa a relação que tem sido observada
experimentalmente com grande precisão [30].
Existe ainda mais um termo da equação 2.1 que, ao
contribuir para a
renormalização da função de onda de Higgs,
tem relevância na análise dos acoplamentos do bosão de Higgs.
Este termo depende de e de um outro parâmtero
:
Em 2.3, foram utilizadas as massas e acoplamentos observados:
g é o acoplamento efectivo do W medido a e
é o acoplamento
efectivo do Z a
, obtidos a partir das medições da massa do W e das
amplitudes de produção de quatro fermiões, respectivamente.
O parâmetro não pode ser constrangido independentemente e
induz um factor de renormalizção de
=
, que seria sentido como um factor global e
constante em todas as taxas de producão e decaímento do Higgs
[26].
Este factor constante não será considerado na análise, pelo que se
fixará
=0.
Os da equação 2.2 contribuem também para outros termos
do lagrangeano (2.1), nomeadamente para a descrição das interacções entre bosões vectoriais [27,28].
A sua presença induziria
alterações no momento magnético do muão e do electrão, por exemplo, e os
seus efeitos seriam detectáveis nas secções eficazes de
a energias superiores [28].
Além de
, também
contribuiria para as funções de duas
pontas calculadas a ordem
e, portanto, para a mistura dos
estados
.
Estes dois operadores estão constrangidos pelos dados de LEP/SLC e de
experiências de baixa energia.
e
aparecem também nos termos de Acoplamentos trilineares dos
bosões vectoriais (TGC),
dando origem a termos anómalos na produção de pares
de
s via
/
, que seriam detectáveis em LEP e no Tevatron.
Os vértices de TGC são parametrizados por:
Onde ,
e os dois termos determinam os acoplamentos
de carga e dipolares dos bosões carregados aos bosões neutros. No
quadro do Modelo Padrão, os dois tipos de acoplamento têm a mesma força,
determinada por
com
=
= 1. Na presença de
acoplamentos anómalos as correcções a estes parâmetros são dadas por:
![]() |
(2.6) |
A análise da produção de pares de nos dados de 161 GeV e 172 GeV
recolhidos por DELPHI e considerando todos os possíveis
decaímentos dos
s [31],
leva aos seguintes constrangimentos:
![]() |
(2.8) |
![]() |
(2.9) |
O valor de cada acoplamento foi determinado pelo ajuste à expressão da
secção eficaz com os outros acoplamentos fixos nos valores previstos pelo
Modelo Padrão. Foram utilizadas as secções eficazes totais para todos os
decaímentos possíveis dos s (e incluindo o processo
); no caso de um dos W decair em leptões e o outro
em hadrões foram também tidas em conta as distribuições diferenciais.
Para os coeficientes restantes ( e
) as restrições não
são tão fortes como as que foram discutidas, uma vez que estes
só afectam os processos anteriores em correcções de primeira ordem
[27,44].
Assim, no que se segue, e
serão considerados nulos e
os outros quatro parâmetros de 2.2 (
,
,
e
) poderão tomar valores entre
.
O efeito mais relevante do lagrangeano 2.2
é a presença de acoplamentos directos do bosão de Higgs a dois fotões
ou a um fotão e um Z. No Modelo Padrão, o bosão de Higgs acopla
apenas a partículas com massa. Nesse quadro, acoplamentos entre o Higgs e
fotões ocorreriam apenas através de de partículas virtuais
simultaneamente massivas e carregadas - fermiões ou bosões W.
A presença de acoplamentos anómalos torna estes vértices possiveis ao
nível árvore nas presentes escalas de energia e, assim, as secções eficazes de processos que involvem o Higgs e fotões podem ser
significativamente maiores.
De forma a reduzir o número de parâmteros livres sem esquecer que eles existem e que não conhecemos as relações entre eles, foram escolhidos três cenários para a análise dos acoplamentos anómalos.
No primeiro, cada um dos parâmetros foi considerado independentemente,
enquanto todos os outros foram fixados ao valor zero.
Aqui, a influência de cada
um dos parâmetros na determinação da força de cada vértice é
explícita: e
contribuem para
,
e
contribuem para
e os quatro
contribuem para os vértices com bosões Z
.
e
contribuem ainda para
(
ou
).
No segundo cenário, apenas os que contribuem para o vértice
foram consi-derados,
e
foram fixos a zero.
Uma vez que definem a grandeza de
,
e
são os parâmetros mais relevantes para a produção de estados finais com fotões.
Finalmente, no terceiro cenário, foi considerado que
todos os parâmetros teriam amplitudes semelhantes e foram portanto
fixados a um valor comum F.
A teoria não prevê a relação entre os valores dos quatro
mas a definição de um valor comum permite ter uma ideia do comportamento do
modelo quando todos os parâmetros livres contribuem para os vértices
anómalos.
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