KoralZ [8,1]
foi concebido para o estudo dos processos
.
Este gerador aparece com base na ideia que a emissão múltipla de fotões
muito pouco energéticos muda drásticamente a secção eficaz calculada perto
da ressonância Z
- é, assim, de todos os geradores, aquele
no qual é descrito de forma mais rigorosa o efeito de Bremsstrahlung dos feixes
iniciais.
O problema da divergência infra-vermelha é tratado de acordo com o método de Yennie-Frautschi-Suura [9] - a exponenciação exclusiva: a separação das divergências provenientes da emissão de fotões reais e virtuais num factor exponencial multiplicativo, que não depende dos detalhes da interacção primária, e é tratado a todas as ordem da teoria de perturbações de forma a que as divergências são canceladas. A expansão perturbativa que resta para cada interacção primária é liberta de todas as divergências.
É feita uma factorização entre as contribuições de Bremsstrahlung e dos fotões virtuais e a interacção primária, no limite dos fotões fracos: no caso em que a amplitude da interacção primária pode ser considerada independente da redução de momento das partículas iniciais por emissão de fotões.
A linha fermiónica é substituida pelo produto da linha fermiónica
inicial por
, onde
é a carga do fermião
em unidades de carga do electrão,
é o momento do fermião e
e
são, respectivamente, o momento e a polarização do fotão.
Esta substituição é feita sucessivamente para cada fotão emitido e para
qualquer número de fotões emitidos,
sendo somados os fotões emitidos por um mesmo fermião.
Em todos os casos é ainda necessário transformar a expressão
do espaço de fases para a tornar apropriada
a um novo número de partículas.
A expressão final para fotões é:
E a soma de (3.6) para um número arbitrário de fotões
dá origem a uma expressão exacta para a emissão de Bremsstrahlung à ordem
O(
), na forma de um expoente:
O mesmo procedimento é aplicado às correcções virtuais. A divergência infra-vermelha originada pelas correcções virtuais é infinita-negativa enquanto que a originada pelas correcções reais é infinita-positiva; para cada N, a soma dos dois efeitos cancela as divergências e o resultado é um valor que é finito no limite infra-vermelho.
A emissão de fotões fracos (reais ou virtuais) não altera
nenhum observável e pode, portanto, ser isolado do elemento de matriz da
interacção primária. No caso de os fotões serem energéticos, este
raciocínio não se aplica e é portanto
necessário definir um valor limite
para a energia do fotão que distinga as duas situações.
A soma dos efeitos da emissão real em (3.7) e da emissão virtual
têm de ser separada numa parte forte e uma parte fraca, de acordo com este
valor de corte, que é definido a
.
deve ser escolhido como muito menor
que o limite para a detecção de fotões e, para as aplicações de LEP2, é
normalmente um valor na ordem de KeV.
O expoente que descreve as contribuições de fotões reais e
virtuais fracos
(
)
é conhecido como o factor de forma de Yennie-Frautschi-Suura (YFS)
(3.8).
Os termos excluídos de (3.8),
(
),
correspondem à emissão de fotões fortes e não podem ser factorizados, os
elementos de matriz têm de ser alterados de acordo com a redução de momento
dos fermiões - esta contribuição tem de ser calculada a uma determinada
ordem em teoria de perturbações ou na aproximação dos logaritmos dominantes.
Tanto o factor de forma de YFS como as características da emissão
de fotões fortes dependem
explicitamente do valor de corte, , mas (por construção) o cálculo
total é independente deste valor arbitrário e explicitamente não
divergente.
A secção eficaz total será então o produto do factor de forma de YFS
pela soma das secções eficazes calculadas para 0, 1, ..., fotões
energéticos.
No KoralZ, os elementos de matriz incluem a primeira ordem completa e são
complementados por uma expansão em logaritmos dominantes a O(
).
Este limite de precisão não implica nenhuma limitação no número de
fotões que podem ser descritos,
mas indica que a secção eficaz só é exacta
para um número máximo de três fotões em emissão colinear.
O número de fotões a gerar em cada acontecimento é escolhido de acordo com uma distribuição de Poisson com valor médio de
![]() |
(3.9) |
sendo incluído um fotão extra que transporta a energia residual.
é definido a cada iteração e é limitado pela energia de centro de
massa inicial. Na figura 3.3, encontra-se representada a evolução simultânea do expoente de YFS e do número correspondente de fotões fortes
com a variação de
(o valor de
foi fixado a 183 GeV).
Os elementos de matriz incluídos para a geração de fotões energéticos são:
para a terceira ordem na expansão em logaritmos dominantes
de
(incluindo até três fotões virtuais)
para a terceira ordem na expansão em logaritmos dominantes
de
(incluindo até dois fotões virtuais)
para a terceira ordem na expansão em logaritmos dominantes
de
(e no máximo um fotão virtual)
para a terceira ordem na expansão em logaritmos dominantes
de
(sem mais correcções)
De acordo com o número de fotões determinado utiliza-se um destes
elementos de matriz. O facto de o cálculo ser efectuado
na terceira ordem da aproximação dos logaritmos dominantes significa,
para , que apenas o termo de primeira ordem é absolutamente correcto,
mas os termos de segunda e terceira ordem são escritos na aproximação colinear (dos termos logarítmicos dominantes).
Esta aproximação colinear consiste, na prática, na convolução da função de
Altarelli-Parisi consigo própria.
Os problemas surgem apenas quando se tenta descrever acontecimentos com dois
ou mais fotões fortes acolineares ou mais do que três fotões fortes e
colineares. Estes fotões extra são introduzidos como factores correctivos de
,
multiplicados pela expressão do elemento de matriz calculada a O(
)
de forma a que a ordem a que é feito o cálculo se mantenha constante,
os momentos dos fermiões são alterados de forma a que se consigam descrever
partículas no espaço de fases
de
partículas considerado ao
nível de Born ( o momento dos restantes fotões não pode ser alterado de
forma a que se mantenha o cancelamento entre divergências).
Para além do esquema utilizado na introdução da radiação múltipla
não colinear, existem outras aproximações que fazem com o que o cálculo
não se possa considerar exacto. A exponenciação das emissões do estado
inicial e final é feita separadamente, não se tendo em conta a
interferência entre estados finais indistinguíveis; a produção de pares
não é considerada e a soma sobre os estados de polarização dos fotões é
feita separadamente para os elementos de matriz e as funções de
Altarelli-Parisi , em vez de se utilizar uma matriz de densidade de .
O método de YFS permite, no entanto, uma descrição analiticamente correcta da
emissão de fotões fracos e da maior parte da emissão forte, de forma que
todos os acontecimentos são totalmente simulados com elementos de matriz
bastante precisos para os processos
/
.
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