O grande anel de colisão electrão-positrão (LEP),
instalado no CERN,
é o maior acelerador
a operar em todo o mundo.
Numa primeira fase (habitualmente designada por LEP1), entre 1985 e 1995,
as colisões eram provocadas a
energias de centro de massa muito próximas da massa do Z, permitindo a
acumulação de um grande conjunto de dados para estudos muitos precisos das
interacções electrofracas. Em 1996 começou uma nova fase, LEP2, em que as
energias de colisão são suficientes para a produção de pares de W
e têm aumentado todos os anos até um limite previsto de 200 GeV.
DELPHI é uma das experiências que analisam os resultados
das colisões de alta energia de LEP.
O LEP fornece às quatro experiências (DELPHI, L3, ALEPH and OPAL) feixes de
electrões e positrões com um período de revolução de 89 s.
Antes de serem acelerados no LEP, os positrões têm de ser criados e
acelerados, em conjunto com os electrões, por uma cadeia de aneis
mais pequenos. Os positrões, produzidos pela colisão de electrões de
200 MeV com um alvo de tungsténio, são acelerados até 600 MeV e
mantidos num anel de acumulação até se atingir um valor de corrente
suficiente para os estágios seguintes. Os dois feixes são consecutivamente
injectados no PS (o sincrotrão de protões do CERN) e no Super PS, onde são
acelerados a energias de 3.5 GeV e 20 GeV, respectivamente. Só depois
são injectados no LEP.
O anel de LEP tem um perímetro de 27 km e os detectores das quatro
experiências estão colocados em quatro pontos onde os feixes são
forçados a colidir. Os electrões e positrões estão organizados em
trens de 10 partículas, que são subdividos em dois "vagões" de forma a
que a distribuição seja mais compacta. A cada momento existem quatro
trens de electrões a circular no anel mantendo distâncias
constantes entre si e, no sentido contrário, circulam positrões
de acordo com a mesma organização; em cada 22
s dá-se um encontro entre
os dois feixes nos pontos de cada uma das experiências.
Os detectores têm de conseguir detectar um novo acontecimento a cada 22
s. A luminosidade é muito alta e, embora a maior parte das colisões
entre partículas não crie acontecimentos interessantes, o número de
acontecimentos de fundo é grande. É necessário proceder a uma selecção criteriosa que reduza o fluxo de informação no sistema de aquisição de dados e
limite a quantidade de informação a armazenar e processar.
Para que seja activado todo o sistema de aquisição de dados de DELPHI é
necessário que se passem quatro níveis de crescente selecção.
Os dois primeiros níveis são sincronizados com o sinal de cruzamento de
feixes (BCO) produzido por LEP, e dependem da presença de sinais em diversos
sub-detectores. A decisão para o disparo do primeiro nível baseia-se
apenas em sistemas de detecção com uma taxa de resposta alta e rápida
(de apenas 3 s); no segundo nível é já tida em conta a informação de outros sub-detectores e o disparo é feito apenas 39
s depois do BCO.
Nos dois níveis seguintes, a informação dos diversos sub-detectores é
combinada em algoritmos que identificam topologias e rejeitam
acontecimentos de fundo.
Para medir a luminosidade recolhida por DELPHI faz-se a contagem do número
de acontecimentos de dispersão Bhabha a baixo ângulo [11].
A secção eficaz da dispersão Bhabha é alta e calculada com grande
precisão; aliadas à clara assinatura experimental, estas características
fazem com que este seja o processo escolhido pela maior parte das experiências
de colisão de electrão-positrão
para medir a luminosidade.
Estes acontecimentos são seleccionados por um sistema de aquisição independente, que os identifica pela existência de duas deposições de energia
quase colineares nos dois lados de DELPHI. O erro na medição de
luminosidade é de apenas 1.